Canudos, Pinheirinho... Quando a história se repete.


Canudos, 1897.
Em 1897, a Força Pública de São Paulo, a mais bem estruturada força militar provinciana do país, deslocou-se ao arraial de Canudos, no interior da Bahia, para auxiliar o Exército a por fim àquela ocupação irregular, que segundo os donos do poder da época, ameaçava a recém instaurada República. 
Apesar da inacreditável resistência dos moradores do assentamento, estima-se que mais de 25 mil pessoas, incluindo mulheres e crianças foram mortas, e seu líder, Antonio Conselheiro, teve seu corpo desenterrado e a cabeça decepada.
Devido a esta campanha, a Polícia Militar de São Paulo entoa ainda hoje em sua cancão da Força Pública; "glória em Canudos, de armas e almas!".
Mas não; não há glória em reprimir e matar mulheres, crianças e pessoas miseráveis.
Pinheirinho, São José dos Campos. 2012
De forma atemporal, as imagens da reintegração de posse no bairro Pinheirinho em São José dos Campos,  deixou o país perplexo com as cenas de crianças, idosos, mulheres e trabalhadores deixando suas casas à força; trouxeram à tona o velho clichê, "Quem não conhece a sua história, está condenado a repeti-la".
O que vemos nestas ações é a face mais cruel do leviatã brasileiro, e a subordinação militar incontestável das polícias às oligarquias estaduais.
A desproporcionalidade no uso da força, o empenho do Estado em se impor através da violência, e a mesma instituição, não são mera coincidência. Elas revelam que através dos séculos se mantem viva esta inglória tradição policial.